Dominar a cena, o mergulho profundo para a verdade cênica – Por Escalafobética

Montagem teatral: Pegadas de uma Ilhéu

Montagem: GITA – Grupo de Investigação do Treinamento Psicofísico do Atuante

Escalafobética[1]

A trajetória da vida de alguém, seus sentimentos, vivências, conquistas, lutas, suor, suas perdas, a ancestralidade, virou poética e substrato para um espetáculo teatral.

"Pegadas de uma Ilhéu" apresentada no último dia 17 de outubro de 2023, na Mostra Cênica do XII Seminário de Pesquisa em Teatro, em monólogo encenado por Mayara Ataíde e dirigido por Edson Fernando, é o mais novo, processo de criação do GITA – Grupo de Investigação do Treinamento Psicofísico do Atuante.

A atriz é segura em cena, tem algo que tenho sentido falta em muitos espetáculos por aí afora, profundo conhecimento da pronuncia e o faz com clareza e no volume necessário para a compreensão do espectador, sem gritos nem excessos.

Assim mergulha profundamente nas águas de suas memórias, sim, atravessa os espectadores fazendo-os viajar nas histórias, vivências e sobretudo na ancestralidade, narrando os desafios de quem mora nas região das ilhas, no caso da peça é a Ilha de Caratateua, o lugar das grandes batatas, mais conhecida entre os paraenses como Ilha do Outeiro, é seu principal material poético.

Narra as dificuldades como, por exemplo, a mobilidade urbana, principalmente com a queda da ponte de Outeiro, o crescimento da violência urbana, com leveza, levando a plateia a rir de situações tão comuns e banais, usando o humor como crítica social, o que é inteligente.

Consegue imprimir, cheiros, ritmo e cadência.

O cenário é limpo, um banco, uma mochila nas costas, uma lamparina e um pouco de banho de cheiro compõe a atmosfera intimista, o tempo passa e não é sentido.

Merece ser desenvolvido a ponto de estar pronto para alçar voos mais ousados.

Ganhar a robustez para ser visto em palcos.

Tem potencial, uma vez que dominar a cena é o mergulho para a verdade cênica.

Parabéns, Pegadas de uma Ilhéu.

24 de outubro de 2023.

[1] Discente do curso de licenciatura em Teatro da ETDUFPA; participante da oficina de crítica teatral "Exercícios de escrituras", projeto Tribuna do Cretino.

Ficha técnica:

Pegadas de uma Ilhéu

Solo teatral de Mayara Ataíde

Processo Criativo desenvolvido no GITA

Grupo de Investigação do Treinamento Psicofísico do Atuante

Direção:

Edson Fernando

Dramaturgia:

Edson Fernando e Mayara Ataíde 

Poesia:

Babi Mazzo