OZ – De sonhos à realidade
Montagem Teatral: O poderoso Oz
Montagem: Caixa de Teatro
Bruno Euller Marlon Costa Oliveira[1]
Certa noite eu conheci uma terra diferente, uma terra mágica chamada Oz. Muito já ouvi falar deste lugar, das histórias, dos filmes, livros, desenhos, séries... e confesso que nunca consumi tal conteúdo por completo, apenas ouvi falar de pequenas cenas. E isto me aguçou o desejo de finalmente conhecer a história do Mágico de Oz, por meio do Grupo Caixa de Teatro que preparou tal espetáculo.
Ainda faltavam poucos minutos para o início, quando cheguei ao Teatro Waldemar Henrique. Já se via uma grande quantidade de pessoas aguardando, aparentemente todos animados e ansiosos para aquela que seria a ultima sessão da montagem. Logo as portas se abriram e fui às pressas à procura do melhor lugar, bem pertinho do palco. Ao acomodar-me me deparo com o belo cenário, já apresentando dois clássicos personagens que se encontram imóveis: de um lado o homem de lata, na frente de um painel todo coberto de folhagem e algumas flores e com seu figurino completamente reluzente e prateado, com uma maquiagem de extremo brilho; e do outro lado o espantalho, apoiado em um painel de madeira com elementos que lembram uma fazenda, algumas folhagens, caixote de madeira e o próprio personagem com suas características de palha e suas vestes em tons de areia. Ao fundo há uma mesa com uma bola de vidro ao centro, um cenário singelo que logo me remete a personagem Bruxa do Oeste, afinal sua transformação é muito aguarda.
Após a partida da bruxa, temos o despertar do espantalho que tem um desejo, deseja um cérebro, para ser inteligente e pensante. Assim como o homem de lata que ao ganhar vida após receber óleo em suas engrenagens deseja um coração de verdade para amar, e sua súplica é seguida de uma bela canção que contagia todos os espectadores. E por fim o Leão covarde que entra em cena em busca de coragem, com um figurino volumoso comprimido todo o seu corpo de pelos. E para todos estes desejos a solução é o poderoso Oz, por isso todos se juntam a Dorothy seguindo pelos caminhos de tijolos que os levarão para o Mágico e assim realizar o desejo de todos.
No caminho a trupe encontra diversas criaturas, como por exemplo, as papoulas que são uma espécie da flora que os faz cair no sono com seu pólen. Sua chegada à cena vem por meio de uma pequena dança e que se retiram após o profundo sono de Dorothy e seus amigos. Porém o homem de lata não é atingindo pelo veneno e pede ajuda a uma rainha de ratos que os desperta com seu dom. E logo estes seguem a procura do Mágico.
Paralelo a isto temos a história do grande Oz pela qual primeiro conhecemos seu macaco, que conduz a comicidade da cena de maneira sem igual, apresenta seu chefe com seu falar cansado e com falas de desprezo pelo mágico, retirando intensas gargalhadas do público, que em seguida recebe o mágico.
O belo rapaz aparenta ser um farsante, pois apresenta números fajutos de mágica com sua assistente, uma linda boneca. Revelando que na verdade ele não é tão poderoso como todos da bela cidade pensam. Mas o que ele não tem de mágico ele tem de danado, pois após a entrada de uma linda moça trajada com sobretudo e chapéu vermelho, que seria a Bruxa do oeste Theodora, o farsante logo a conquista com uma bela dança ao som da canção de Alejandro Sanz, "Não me compares". O entrelaço do casal é seguido de um intenso beijo. Mas como o mágico não é nada quieto, após se despedir de sua amada, logo conhece uma nova mulher, Glinda, que era irmã de Theodora, mas os laços familiares não impediram o Mágico de paquera-la também.... Homens...
Entretanto esse romance está perto de acabar, pois logo a Bruxa do Oeste descobre a traição e se revolta. E começa a receber influência de sua outra irmã, a bruxa Evanora, que lhe entrega uma maçã alegando ser a solução para deixar de amar o homem safado. Ela aceitou, porém a maçã não só retirou todo o sentimento de amor que ela sentia por ele como também a encheu de ódio e inveja lhe transformando numa horrível criatura verde. Assim foi forjada a Bruxa Má do Oeste que agora é interpretada por outra atuante que entrega uma performance de ódio e tensão, me fazendo sentir gradativamente sua dor. A caracterização da personagem se dá por suas vestes totalmente pretas, e seu rosto e mãos verdes, o que me questiona algumas partes do corpo que não aparecem pintadas, mas acredito que seja intencional. E que não influencia na peça dado a brilhante atuação da personagem que com muita euforia vai ao encontro de Oz, para se vingar.
No entanto, o Mágico já encontrou Dorothy e sua Trupe que depois de longos diálogos reúnem todas as criaturas do Lugar para enfrentar a Bruxa Má do Oeste e sua irmã, que quando confrontadas fogem pelo meio da multidão. Confesso que acho o desfecho rápido e simples, mas também penso que tratando de uma adaptação de classificação livre e que contempla o público infantil, foi uma boa escolha. Após a saída das irmãs, O Mágico elogia cada um dos amigos da menina e após suas súplicas de desejos revela que na verdade tudo aquilo o que eles estavam em busca, os mesmos já possuíam. O Homem de Lata mesmo sem um coração se apaixonou pela Boneca de Porcelana, o Leão Covarde teve muita coragem ao enfrentar a bruxa, o Espantalho sem cérebro foi quem teve o brilhante plano de montar o exercito. Após as comemorações todos saem de cena e Dorothy adormece ao chão acordando já em seu mundo, mas com a garantia de que a viagem foi real, pois a menina ainda permanece com um par de sapatinhos que ganhou naquele mundo.
E por fim, todos finalizam o espetáculo retornando ao palco, ao som da Música "Além do arco íris", que é conduzido por duas das papoulas que possuem vozes suaves, extremamente semelhantes à da canção original e que me emocionaram muito, causando-me nostalgia. E pra completar temos no meio uma papoula interpretada por um rapaz que acompanha a canção com linguagem de sinais enquanto os demais acompanham por trás, no embalo da canção. Uma excelente escolha de finalização.
A produção me inspirou a buscar mais da história, quem sabe ler o livro, os filmes, pois a obra é belíssima e com muitos ensinamentos e que com certeza foram bem expressados na montagem teatral.
06 de setembro de 2022
[1] Acadêmico do Curso Superior
Tecnológico de Produção Cênica da ETDUFPA; Bolsista PIBIPA 2022 pelo projeto
Tribuna do Cretino.
Ficha Técnica:
Direção e Texto:
Kesynho Houston
Produção:
Lígia Coelho
Sonoplastia:
Lucas Jorge
Iluminação:
Sônia Lopes