OZ – De sonhos à realidade

06/09/2022

Montagem Teatral: O poderoso Oz
Montagem: Caixa de Teatro

Bruno Euller Marlon Costa Oliveira[1]

Certa noite eu conheci uma terra diferente, uma terra mágica chamada Oz. Muito já ouvi falar deste lugar, das histórias, dos filmes, livros, desenhos, séries... e confesso que nunca consumi tal conteúdo por completo, apenas ouvi falar de pequenas cenas. E isto me aguçou o desejo de finalmente conhecer a história do Mágico de Oz, por meio do Grupo Caixa de Teatro que preparou tal espetáculo.

Ainda faltavam poucos minutos para o início, quando cheguei ao Teatro Waldemar Henrique. Já se via uma grande quantidade de pessoas aguardando, aparentemente todos animados e ansiosos para aquela que seria a ultima sessão da montagem. Logo as portas se abriram e fui às pressas à procura do melhor lugar, bem pertinho do palco. Ao acomodar-me me deparo com o belo cenário, já apresentando dois clássicos personagens que se encontram imóveis: de um lado o homem de lata, na frente de um painel todo coberto de folhagem e algumas flores e com seu figurino completamente reluzente e prateado, com uma maquiagem de extremo brilho; e do outro lado o espantalho, apoiado em um painel de madeira com elementos que lembram uma fazenda, algumas folhagens, caixote de madeira e o próprio personagem com suas características de palha e suas vestes em tons de areia. Ao fundo há uma mesa com uma bola de vidro ao centro, um cenário singelo que logo me remete a personagem Bruxa do Oeste, afinal sua transformação é muito aguarda.

Dando início ao espetáculo, temos uma bela menina de cabelos longos, e vestido azul, chamada Dorothy, acompanhada de seus pais fazendeiros que aparentam ter certo desleixo com a menina, pois permitem que uma senhora pegue o cachorrinho dela e o leva embora alegando que o bichano causava grandes confusões. Logo em seguida, a dona do cãozinho descansa ao chão, triste. Ouvem-se ruídos e quando a menina acorda já está em outro mundo. Do pouco que já vi sobre a história, ouço que a sua viagem para o mundo de Oz se dá por meio de um ciclone, mas a ideia do deitar, mesmo com a sonoplastia me traz a ideia de que a viagem é realizada pelo sonho, o que é interessante, pois me deixa a indagação de se o espetáculo será apenas uma fantasia do sono da pequena menina ou uma verdadeira viagem neste mundo irreal.
Na chegada de Dorothy, ela contempla as mais variadas criaturas deste mundo. Temos de início a bruxa boa acolhendo a viajante que assustada deseja ir de volta pra casa, e por meio da bruxa descobre que para tal feito, apenas o Mágico de Oz pode ajuda-la.

Após a partida da bruxa, temos o despertar do espantalho que tem um desejo, deseja um cérebro, para ser inteligente e pensante. Assim como o homem de lata que ao ganhar vida após receber óleo em suas engrenagens deseja um coração de verdade para amar, e sua súplica é seguida de uma bela canção que contagia todos os espectadores. E por fim o Leão covarde que entra em cena em busca de coragem, com um figurino volumoso comprimido todo o seu corpo de pelos. E para todos estes desejos a solução é o poderoso Oz, por isso todos se juntam a Dorothy seguindo pelos caminhos de tijolos que os levarão para o Mágico e assim realizar o desejo de todos.

No caminho a trupe encontra diversas criaturas, como por exemplo, as papoulas que são uma espécie da flora que os faz cair no sono com seu pólen. Sua chegada à cena vem por meio de uma pequena dança e que se retiram após o profundo sono de Dorothy e seus amigos. Porém o homem de lata não é atingindo pelo veneno e pede ajuda a uma rainha de ratos que os desperta com seu dom. E logo estes seguem a procura do Mágico.

Paralelo a isto temos a história do grande Oz pela qual primeiro conhecemos seu macaco, que conduz a comicidade da cena de maneira sem igual, apresenta seu chefe com seu falar cansado e com falas de desprezo pelo mágico, retirando intensas gargalhadas do público, que em seguida recebe o mágico.

O belo rapaz aparenta ser um farsante, pois apresenta números fajutos de mágica com sua assistente, uma linda boneca. Revelando que na verdade ele não é tão poderoso como todos da bela cidade pensam. Mas o que ele não tem de mágico ele tem de danado, pois após a entrada de uma linda moça trajada com sobretudo e chapéu vermelho, que seria a Bruxa do oeste Theodora, o farsante logo a conquista com uma bela dança ao som da canção de Alejandro Sanz, "Não me compares". O entrelaço do casal é seguido de um intenso beijo. Mas como o mágico não é nada quieto, após se despedir de sua amada, logo conhece uma nova mulher, Glinda, que era irmã de Theodora, mas os laços familiares não impediram o Mágico de paquera-la também.... Homens...

Entretanto esse romance está perto de acabar, pois logo a Bruxa do Oeste descobre a traição e se revolta. E começa a receber influência de sua outra irmã, a bruxa Evanora, que lhe entrega uma maçã alegando ser a solução para deixar de amar o homem safado. Ela aceitou, porém a maçã não só retirou todo o sentimento de amor que ela sentia por ele como também a encheu de ódio e inveja lhe transformando numa horrível criatura verde. Assim foi forjada a Bruxa Má do Oeste que agora é interpretada por outra atuante que entrega uma performance de ódio e tensão, me fazendo sentir gradativamente sua dor. A caracterização da personagem se dá por suas vestes totalmente pretas, e seu rosto e mãos verdes, o que me questiona algumas partes do corpo que não aparecem pintadas, mas acredito que seja intencional. E que não influencia na peça dado a brilhante atuação da personagem que com muita euforia vai ao encontro de Oz, para se vingar.

No entanto, o Mágico já encontrou Dorothy e sua Trupe que depois de longos diálogos reúnem todas as criaturas do Lugar para enfrentar a Bruxa Má do Oeste e sua irmã, que quando confrontadas fogem pelo meio da multidão. Confesso que acho o desfecho rápido e simples, mas também penso que tratando de uma adaptação de classificação livre e que contempla o público infantil, foi uma boa escolha. Após a saída das irmãs, O Mágico elogia cada um dos amigos da menina e após suas súplicas de desejos revela que na verdade tudo aquilo o que eles estavam em busca, os mesmos já possuíam. O Homem de Lata mesmo sem um coração se apaixonou pela Boneca de Porcelana, o Leão Covarde teve muita coragem ao enfrentar a bruxa, o Espantalho sem cérebro foi quem teve o brilhante plano de montar o exercito. Após as comemorações todos saem de cena e Dorothy adormece ao chão acordando já em seu mundo, mas com a garantia de que a viagem foi real, pois a menina ainda permanece com um par de sapatinhos que ganhou naquele mundo.

E por fim, todos finalizam o espetáculo retornando ao palco, ao som da Música "Além do arco íris", que é conduzido por duas das papoulas que possuem vozes suaves, extremamente semelhantes à da canção original e que me emocionaram muito, causando-me nostalgia. E pra completar temos no meio uma papoula interpretada por um rapaz que acompanha a canção com linguagem de sinais enquanto os demais acompanham por trás, no embalo da canção. Uma excelente escolha de finalização.

A produção me inspirou a buscar mais da história, quem sabe ler o livro, os filmes, pois a obra é belíssima e com muitos ensinamentos e que com certeza foram bem expressados na montagem teatral.

06 de setembro de 2022

[1] Acadêmico do Curso Superior Tecnológico de Produção Cênica da ETDUFPA; Bolsista PIBIPA 2022 pelo projeto Tribuna do Cretino. 

Ficha Técnica:

Direção e Texto:

Kesynho Houston

Produção:

Lígia Coelho

Sonoplastia:

Lucas Jorge

Iluminação:

Sônia Lopes