Um conto de caixa – Por Francieli Santos

Teatro de Caixa: Caixa de Poesia Leminski

Montagem: Coletivo de Animadores de Caixa 

Francieli Santos[1]

Em uma bela tarde de terça-feira, em um canto bem particular dentro de um casarão antigo, nomeado Casarão do boneco, somos surpreendidos por uma encenação elaborada pelo ator e diretor Edson Fernando, chamada de "Caixa de Poesia Leminski".

Esse canto particular do casarão é uma área aberta, composto por um jardim bem exuberante logo atrás. Para compor o ambiente, foi utilizado incensos aromáticos e uma caixinha de som que ecoava apenas melodias não cantadas. Tudo parecia juntar-se para favorecer um ambiente meio místico.

A proposta era que você chegasse e aguardasse a sua vez para ser atendido pelo "guru" das poesias. Ali sentado em um banquinho, com suportes para suas cartas e com sua caixa grande e misteriosa com tampões e uma lanterna, ele pedia para que você se sentasse e então perguntava: "Você acredita que poesias podem transmitir uma mensagem/resposta?" A pergunta era mais ou menos essa, e ali já se criava uma conexão do expectador com o que estava por vir. Pois logo em seguida você era levado a escolher uma das cartas que ele dispunha nas mãos, e ali nas cartas haviam somente imagens, que somente o atuante ou o "guru" saberia dizer seu significado e que logo lhe seria revelado. E cada carta corresponderia a uma das tampas dispostas na grande caixa, que funcionava como um conjunto de lunetas unidas, a qual cada entrada destampada o levaria a uma mensagem de Leminski, de modo a complementar o significado da sua carta retirada no início.

O interessante dessa encenação é que pode se tornar algo muito pessoal ou não, vai depender muito de você mesmo como expectador, das crendices ou da sua própria vida vivida até ali. As mensagens distribuídas podem ou não fazer sentido para quem as recebe. Podem ganhar um certo peso se o que for lido ir de encontro com aquilo que ela vive ou acredita. É realmente uma proposta instigante e genial como um todo, em como pode proporcionar um ambiente tranquilo e envolvente, mas devo admitir que um pouco arriscada, já que poderia chover a qualquer momento e acabar com a ambientação proposta (considerando que o clima de Belém é uma loucura). Além de se tornar uma experiência única, levando em consideração que cada mensagem pode ser tida como exclusiva para quem a recebe, já que cada pessoa tem seu mundo particular e modos de pensar.

Por fim, a poesia a mim dada foi: "Salve-se quem quiser, perca-se quem puder" – Leminski.

02 de maio de 2023

[1] Estudante de Produção Cênica – UFPA; Participante da Oficina de crítica teatral "Exercícios de escrituras" – projeto TRIBUNA DO CRETINO.

Ficha Técnica:

Caixa de Poesia Leminski

Encenação e Atuação:

Edson Fernando

Suporte:

Amor

Edson Fernando

Arte Externa:

Aníbal Pacha

Patrocínio:

O Bolso dos Idealizadores

e mais ninguém!!!