Uma viagem de bonde – Por Marta Teixeira

20/02/2018

Montagem Teatral: Um Bonde Chamado Desejo

Montagem das turmas de 1º Ano dos cursos técnicos de Cenografia, Figurino e Ator da ETDUFPA. 

Marta Teixeira[1]

Em um final de tarde de domingo comprei uma bilhete de bonde, não sabia ao certo para onde iria, mas queria ir. Enquanto o bonde não partia fiquei conversando com algumas pessoas da estação ferroviária - alguns sabiam pra onde estavam indo, outros já estavam indo para o mesmo lugar por mais de uma vez e outros estavam indo por indicações.

1º CHAMADA

Procurei meu bilhete e me dirigi para a entrada.

P: Com sua licença. Você irá adentrar o bonde?

R: Aparentemente, sim!

Por alguns minutos na fila a transpiração começou a se fazer presente, mas isto já era esperado devido ao grande fluxo de passageiros. Mesmo assim não deixei de reclamar daquela sensação térmica elevada.

2ª CHAMADA

Com a conquista em adentrar ao bonde procurei não dispersar e ir diretamente para o meu lugar. Enquanto esperava o bilheteiro passar fiquei observando as coisas ao meu redor - fiquei sentada na segunda cabine, o meu lugar me proporcionava uma visão ampla do dirigível, porém havia uma coluna posicionada um pouco a minha esquerda que me incomodava um pouco.

3ª CHAMADA

O bilheteiro começa a recolher as passagens. Alguns passageiros não se sentem à vontade onde estão e pedem para trocar de cabine e como ainda havia algumas cabines disponíveis a troca pode ser feita. Enquanto não inicia a viagem comecei a reparar cada parte daquele bonde - obviamente de dentro da cabine em que estava. O piso tinha desenhos simples, mas delicados, havia uma folha de linóleo, a iluminação e a música estavam agradáveis, o aroma não era ruim, a decupagem foi adequada e... percebi duas mulheres conversando na porta da cabine à minha esquerda; a conversa parecia ser agradável, tanto que elas exerciam pequenos movimentos de acordo com a melodia da música.

FONNNNN..... FONNNNN.....

E iniciamos nossa viagem, todos em seus devidos lugares. Uma das duas mulheres que conversavam começou a "dublar" uma música andando de um lado para o outro em cima do linóleo - não entendi o sentido dela fazer isto, mas acredito que deveria ser um divertimento para elas, porque se fosse para usar como performance, a que dublava precisaria ter ensaiado mais a música, para evitar que os "ss" saíssem.

Eis que chega uma mulher, aparentemente jovem porém um pouco desconfiada, a procura de sua irmã e de seu cunhado. As amigas que conversavam a ajudaram, mas ela não foi tão gentil com a ajuda; sua irmã voltou para a cabine e logo após seu cunhado.

A partir daí, me senti presenciando uma novela daquelas em que alguns personagens, em alguns momentos, são os vilões e em outros os mocinhos e que ao passar de cada cena o telespectador fica cada vez mais envolvido - isso quando a bendita coluna a minha esquerda não atrapalhava minha visão.

Vale ressaltar que em uma das cenas fiquei preocupada com a troca de roupa da atriz insana, pois a vi se envolvendo em vários velcros que pareciam não ter fim. No entanto, com a cena seguinte, percebi que aqueles velcros não eram tão preocupantes quanto o que se passava na cena. Me senti arrasada por ter presenciado aquela ação e envergonha por não ter contado a quem devia sobre o ocorrido.

Por fim, a mulher elegante aparentava em sua face uma criança inocente e assustada que ficou em prantos quando percebeu que em sua cabine haviam pessoas que iriam lhe levar para outro lugar contra sua vontade, mas que se acalmou quando pensou que poderia tirar alguma vantagem de uma destas pessoas. Desse modo, o bonde estaciona, a buzina soa e os passageiros dirigem-se para a estação.

20 de Fevereiro de 2018.

[1] Marta Teixeira: Atriz; graduanda de Licenciatura em Teatro UFPA; Participante do Minicurso de Crítica Teatral: "Por uma Crítica Menor"

Montagem teatral:

Um bonde chamado desejo

Dramaturgia de Tennessee Williams

Direção:

Claudio Didimano e Karine Jansen

Encenação:

Karine Jansen.

Elenco:

Blanche Dubois - Lays Portela e Mariane Malato

Stella Dubois - Ana Corrêa, Damise Vanessah e Mariana Mothy

Stanley Kowalski - Diego Leal e Filipe Marques

Mitch - Andrew Monteiro, Angelo Garcia e Athos Brenno

Eunice - Assucena Pereira e Penélope Lima

Steve - Ronald Lima e Igor Juan

Pablo - Augusto Neves e Jordan Navegantes

Mulher negra - Kárita Almeida e Lila Moura

Médico - Caio Cezar Dias

Enfermeira- Diana Lins e Vanessa Farias

Jovem cobrador - Hugo Corrêa

Mulher mexicana - Eduarda Mebarak e Rosilene Alves

Preparação Corporal:

Cláudio Didimano

Artes do espetáculo:

Diana Lins e Lays Portela

Arte gráfica:

Diana Lins e gráfica Lima

Divulgação:

Ana Corrêa, Assucena Pereira, Athos Brenno, Caio Cezar Dias, Diana Lins, Eduarda Mebarak e Penélope Lima.

Produção de teaser:

Diego Leal, Jordan Navegantes, Kárita Almeida e Lays Portela.

Fotografia:

Jordan Navegantes, Kárita Almeida, Lays Portela e Rhero Lopes.

Assessoria de imprensa:

Assucena Pereira, Jordan Navegantes e Mariane Malato.

Produção:

Turma do 1º ano do curso técnico em teatro.

Coordenação de figurino e cenografia: Ézia Neves.

Figurino:

Daniel Gomes, Diogo Richier e Ivana Rezende.

Assistentes de figurino:

Claudete Lobato, Daniella Pinheiro, Nanan Falcão e Roseli Feitosa.

Cenografia:

Ruan Ribeiro, Sabrina Pena e Waldir Lisboa.

Assistentes de cenografia:

Breno Paixão e Camila Sousa.

Sonoplastia: 

Demi Araújo e Renan Coelho.

Iluminação:

Breno William Paixão da Silva, Camila Soares de Sousa e Waldir Lisboa.

Realização: 

Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA).